1) INTRODUÇÃO

Milhas são um assunto que tem vindo muito à tona ultimamente, dada a imensa quantidade de pessoas que alegam ganhar dinheiro fácil com elas. Mas você sabe o que elas são? Milhas aéreas são, basicamente, pontos de programas de fidelidade que permitem que você resgate passagens, serviços, produtos e até mesmo dinheiro com elas. Bastante atrativas, não é mesmo? E o melhor de tudo: aqui você vai ver como qualquer um pode se dar bem na hora de viajar com milhas, baseando-se na minha experiência viajando Brasil afora. 

2) TIPOS DE PROGRAMA

Em primeiro lugar, há que se ter em mente que existem cinco formas básicas de obter a tão desejada milhagem:  por meio do uso do cartão de crédito, compras em sites parceiros, clubes de milhas, compra de milhas e voando.

As suas preciosas milhas são acumuladas em programas de bancos ou programas de companhias aéreas. No geral, esses pontos são obtidos em programas de banco, mediante a utilização do cartão de crédito, ficando acumulados no banco até que sejam transferidos ao programa da companhia. Vale ressaltar que existem apenas três programas de companhia para voos domésticos: LatamPass (Latam), Smiles (Gol) e TudoAzul (Azul).

Os programas de milhas, a grosso modo, dividem-se em dois tipos: programas de banco, nos quais, primeiramente, o cartão pontua diretamente e, em momento posterior, os pontos são transferidos ao programa de utilização; e o programa de utilização, pertencente a uma companhia aérea (Latam Pass, Smiles e Tudo Azul). A maioria dos cartões pontua em um programa de banco. Contudo, há cartões que são emitidos em parceria com a empresa aérea, como, por exemplo, o Cartão Visa Smiles.

A maioria dos programas de banco possui prêmios para resgate próprios, mas a esmagadora maioria não compensa, salvo raras exceções. Além disso, mesmo nos programas das companhias, o resgate de passagens aéreas ainda é a operação mais interessante a se fazer com as suas milhas. Para que sejam usadas no programa da companhia, é necessário iniciar a operação pelo seu banco/emissor do cartão de crédito.

Normalmente, os programas de banco transferem na proporção de 1 pra 1. Exemplo, 1 ponto Livelo vira 1 ponto Smiles, caso não haja bônus, ou seja, quando existe uma bonificação na razão de transferência, como, por exemplo, transferir 10.000 milhas do C6 Átomos pra Smiles e receber 20.000 milhas.

Cartões cobranded são aqueles que são emitidos pelos bancos em parceria com as empresas aéreas. Eles têm como principal característica acumular diretamente no programa da companhia, sem intermediários. Um exemplo seria o meu cartão Visa Platinum Smiles, emitido pelo Bradesco. No geral, esses cartões têm a pontuação um pouco mais alta, visando a compensar a perda da possibilidade de transferir com bônus.

3) FORMAS DE ACUMULAÇÃO

3.1) Voando

As milhas surgiram como uma forma de fidelização de clientes por parte das companhias aéreas. A cada voo realizado, os clientes ganhavam uma pontuação em milhas. A tarifa paga influencia no acúmulo de milhas, de modo que voos comprados em classes superiores e/ou com privilégios (remarcação grátis, cancelamento grátis, bagagem incluída, etc.) podem render mais milhas do que a tarifa convencional ou promocional (as duas mais baixas).

É importante ter em mente que você não está registrado automaticamente no programa da companhia ao voar. Ao realizar seu check-in no voo, a empresa perguntará seu número fidelidade. 

Se você faltar ao voo ou cortar a conexão, também perderá o acumulo de milhas, na maioria dos programas.

3.2) Cartões de Crédito

São a segunda forma mais eficiente de acumular milhas, atrás apenas da compra direta das milhas. Isso porque é bastante prático transformar as suas compras diárias nesses pontos preciosos. Há, basicamente, dois tipos de cartões: os que pontuam no programa do banco e os cobranded, os quais pontuam no programa da companhia aérea.

Os cartões que não possuem bandeiras de companhias acumulam em um programa para posterior transferência. É importante que você se atente ao limite mínimo de milhas na transferência do programa de fidelidade do banco pro da cia aérea escolhida, porque se esse limite não for atingido, as milhas ficarão “presas” dentro do programa do banco.

3.3) Compra de Milhas

Basicamente, é quando você compra as milhas do programa de fidelidade, sendo possível em todos os programas de companhia e apenas no Livelo e no Esfera (Santander) dos de bancos.

Em 99% do tempo essa operação não compensa. Para que compense, é importante que o preço a que essas milhas estejam sendo vendidas esteja alinhado com o quanto elas valem na hora de emitir passagens. Como regra de bolso, toda vez que as milhas custam 21 reais ou menos o milheiro (unidade de mil milhas), eu compro. Já consegui boas promoções de passagens aéreas desse jeito.

Existem formas de se comprar milhas que não são apresentadas como “compra”. Isso ocorre quando o programa de fidelidade oferece algum bônus por alguma operação envolvendo milhas, seja a transferência à outra conta, seja pela reativação de milhas expiradas. Exemplo: a Smiles está oferecendo um bônus de 300% para que eu transfira minhas milhas a outro usuário. Eu poderia transferir pra uma pessoa de minha confiança e as milhas lá ficariam até que eu as usasse.

3.4) Clube de Milhas

Clubes de milhas são assinaturas mensais dentro do programa de milhas que conferem algum tipo de benefício, como: compra de pontos com desconto, desconto no resgate de passagens e outros produtos/serviços, milhas mensais, upgrade de categoria na companhia aérea, aumento no bônus promocional de transferências, etc.

Tenha em mente que a assinatura é uma forma de ganhar benefícios, nunca de acumular milhas. Por isso, no geral, assinar o clube menorzinho, o de 1.000 milhas, já compensa muito. A maioria das promoções não faz diferenciação em relação ao clube que você assina.

A maioria deles compensa apenas em alguns casos. No meu caso, considerando que uso bastante a Gol e a Azul, faz sentido assinar  esses clubes. Em promoções com bônus, é comum ter diferentes bonificações para o cliente assinante, em relação ao que não é. Entretanto, tem um clube de milhas que é meu coringa, por isso eu acho que ele deve ser assinado sempre.

3.4.1) O Melhor Clube de Milhas

Existe apenas um clube de milhas que eu recomendo em todos os casos pros viajantes: o clube Livelo.

Sua diferença em relação aos demais está no fato de ser um clube de banco que vende pontos e tem excelentes parcerias com programas de cias aéreas. Na maioria das promoções, o clube ganha 100% de bônus ao transferir pra outros programas, vantagem idêntica à de quem assina o clube da companhia (Smiles, LatamPass e TudoAzul). Isso permite que esse clube cumpra, de certa forma, o papel que 3 assinaturas fariam.

Outra vantagem bem interessante é o preço do milheiro: R$42,00 pra assinantes. Esse valor é muito caro pra se comprar em épocas normais, mas como os bônus de 100% da Livelo são comuns, uma estratégia é comprar milhas no clube a R$42,00 e transferir com 100% de bônus. O resultado final é que o milheiro no programa de destino sai por 21,00 (o preço que gosto de comprar milhas). Essa é a estratégia que mais uso quando vou às compras de milheiros.

3.4.2) “E os demais clubes, compensam?”

Bom, compensam em alguns casos. Eu mesmo assino dois deles: o da Smiles e o da Tudo Azul.

Você tem que entender que os clubes são apenas uma forma de obter vantagens no programa, não uma forma de acumular milhas! Isso porque as mensalidades dos clubes geralmente são caras e o milheiro fica acima de 40 reais, o que não oferece qualquer vantagem. O clube serve para resgatar passagens com descontos, por exemplo.

A Tudo Azul foi o único clube que eu já vi diferenciar o valor do bônus em função do plano do clube. Pras demais, tanto faz ser assinante do clube de mil milhas ou do maior. Existem alguns clubes como o Smiles e o Tudo Azul que te fazem subir ao nível máximo, conhecido como diamante, caso se torne assinante.

O programa da Smiles e o da Tudo Azul oferecem desconto no resgate de passagens com ele.

Caso você ainda não assine, pode se registrar nos clubes utilizando os links abaixo e garantir milhas bônus pela adesão.

4) QUANDO TRANSFERIR?

Existem apenas 3 situações em que você deve transferir as suas milhas: em promoções com um bônus interessante, quando estão prestes a vencer e quando você precisa de poucas milhas pra inteirar uma passagem.

4.1 Bônus

É quando há alguma parceria entre o programa do banco (C6 Átomos, Santander Esfera, Itaú Iupp, Livelo, etc.) para que seus pontos sejam transferidos a um clube de companhia aérea (TudoAzul, Smiles e LatamPass) em proporção superior ao normal. Exemplo: com bônus de 80% na transferência do Livelo pro Smiles, o usuário enviaria 10.000 milhas Livelo e receberia 18.000 milhas Smiles.

Quase todas as promoções pontuam os valores mais altos de bônus, em torno de 100%, apenas para os assinantes do clube daquela cia aérea. Entretanto, no caso das promoções envolvendo o Livelo, é comum que ele seja aceito como requisito para pontuar o valor máximo da promoção, ou perto disso.

Leia sempre as regras de transferência em cada promoção, pois em quase todas você precisa se registrar antes pra ganhar o bônus. Então não dê bobeira!

4.2 Perto do Vencimento

Em quase todos os programas de pontos, as milhas tem uma vida útil de alguns anos, expirando depois desse prazo, o que as torna inutilizáveis. Dessa forma, quando elas estão prestes a vencer no seu programa de banco, você pode dar uma nova vida a essas milhas mandando ao programa da cia aérea, uma vez que, dentro desse programa, as milhas seguem a regra própria dele. 

4.3 Poucas Milhas pra Inteirar uma Passagem

Autoexplicativo. Você precisa de pouquinha coisa pra pegar aquela promoção de resgate da sua viagem pra Espanha. Não tem como deixar passar. Nessa situação vale qualquer compra ou transferência. No geral, para até uns 5% do total de milhas da passagem, eu considero nessa situação.

5) VENDA DE MILHAS

Dá pra vender milhas? A resposta simples é: dá, mas não acho que você deva fazer isso em todas ocasiões. A minha opinião é que é muito difícil ter o timing pra comprar e vender milhas na hora certa e repetir esse feito a toda hora. Além disso, qualquer mudança nas políticas da companhia aérea ou na empresa que vende milhas pode te prejudicar imensamente, como fez a Azul, quando limitou a emissão de passagens aéreas pra outros CPFs em 5. Muitos milheiros se viram obrigados a usar as milhas.

Eu somente vendo minhas milhas quando elas estão prestes a vencer, pois o resgate de prêmios nos sites de programas normalmente tem uma taxa de conversão péssima. Quando você converte o valor do produto numa loja confiável pelos milheiros (unidade de 1.000 milhas), você percebe que é muito difícil que isso seja muito mais alto que 16 reais, o que é uma conversão péssima. Na rara condição de deixar minhas milhas expirarem sem viajar, eu utilizo os sites Maxmilhas e Hotmilhas (mesma empresa da 123 Milhas) pra efetuar a venda das milhas. São sites confiáveis e com os quais nunca tive problemas.

Mesmo não vendendo sempre, você deve adotar a mentalidade de vendedor e atribuir um valor financeiro às suas milhas. Sem valores financeiros você vai acabar fazendo “burrada”, por achar que as milhas vieram de graça! É aquela velha história: “o que vem fácil, vai fácil”. Eu sempre coloco a cotação de mercado das milhas (vejo por meio desse site https://beco.club/becoindex) mais atualizada ou o valor que comprei as milhas (dos dois, o maior) como forma de calcular o preço da passagem aérea. Se estiver mais barato pagar em dinheiro, eu compro com o cartão de crédito. Se estiver mais em conta em milhas, eu resgato a passagem dessa maneira.

6) PASSAGENS REALMENTE BARATAS

Eu tenho uma estratégia pessoal que tem me trazido bons frutos, por isso recomendo. Se você tiver folga no orçamento, faça assim: compre milhas baratas, acumule e espere uma promoção de resgate. Leia-se “baratas” como por 21 reais ou menos.

Isso me permitiu comprar milhas da LATAM a 21 reais o milheiro e realizar o resgate abaixo:

capturas formatadas pra melhorar o enquadramento

cotado em www.skyscanner.com.br

Isso representa uma economia que ultrapassa os 50%.

Tenha em mente que o resgate de passagens com milhas aéreas é extremamente sensível à demanda, visto que, em cada aeronave, apenas uma parte dos assentos é destinada ao resgate com pontos. Isso faz com que os pontos “disputem” menos assentos que o dinheiro. Em outro post explicarei exatamente como é composto o preço de uma passagem aérea, mas já adianto que é, basicamente, uma aplicação da clássica lei de oferta e demanda, sendo o preço calculado por meio de inteligência artificial.

Então, não perca tempo. Corra atrás de suas milhas!

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